quarta-feira, 5 de março de 2014

              Ele tava cansado da sua vida patética e medíocre, se concentrava demais em algo que não valia a pena, perdia algumas coisas importantes então decidiu terminar com a sua tristeza, ele precisava de espaço, espaço pra pensar e agir, não queria esperar milagres que raramente aconteciam, ele não precisava mais disso, queria dizer um adeus mas não um adeus qualquer, queria, sentir que todos entendessem o motivo mesmo que não se preocupasse muito com que os outros queriam, faziam ou pensavam ao seu respeito, mas queria dar um ultimo tributo a esta terra que habitou por tantos anos amargos, então qual seria o melhor jeito? escrever uma carta? uma foto com alguma dedicatória medíocre? ele precisava ser genial, precisava de um plano de mestre, decidiu por assim fazer um vídeo e algumas notas escondidas, mas o vídeo iria servir, sem edição, sem cortes, sem piedade, naquele vídeo poderia falar tudo que sentia por todo mundo que não podia ser dito por uma leve questão de bom senso e coletividade e até harmonia coisas que eram insuportáveis na verdade, poderia falar que seu pai era um idiota, bastardo, indigno de piedade e fodido, diria a sua irmã que ela era uma puta de quinta, uma superficial, e poderia dizer a sua mãe que ela era uma viciada em álcool, poderia gritar para ela dizendo que nunca recebeu o que esperava, que queria sair, conhecer novos lugares com ela, mas que ela não se importava porque enquanto estivesse com um copo de cerveja na mão todo o mundo podia ir para a lua, ela não ligava, ele sofria. Queria falar que não aguentava que alguns amigos de merda não davam a mínima para ele, queria mandar (citando nomes) todos irem se foderem, estava de peito tão pesado, tão carregado que as lágrimas não desciam mais, ficavam emperradas em um murmurio eterno e oco, passava os dias na cama sem forças e muitos o consideravam preguiçoso mas ninguém o entendia, não de verdade, até o ar lhe faltava, respiração cansada e sobreposta e soluços de desespero. Tentou de tudo o que podia para tentar fazer parar o que lhe afligia, tentou deixar de lado, conversar com alguém que entendia do assunto, fazer o que lhe deixava realmente feliz, mas, não achou nada, exatamente o que esperava, um vazio se arrastou no seu coração e de repente ele não sentia mais nada, tudo que passava pelos seus olhos eram meras "coisas" sem sentido ou sem significado, o cansaço venceu e ele durante os últimos meses pensava em um modo de tirar a própria vida porque ele não achou o seu "lá" não achou seu paraíso, não achou seu rumo, seu lugar especial, não achou nada além de vasos vazios.
              O vídeo ficou impecável,  ele gaguejou em algumas palavrar, mas, foi justo e sensato, tudo que era sentimento retraído ele explanou em uma simplicidade desumana, manteve-se calmo porém forte, com certeza na voz, frívolo foi uma palavra muito usada para descreve-lo quando acharam guardado dentro de uma caixa que tinha escrito evidência e no cd estava escrito em letras garrafais: "desculpe pelo incomodo".
              O teto do seu quarto era perfeito, tinha um tipo de gancho que antigamente era usado para pendurar lamparinas era de ferro firme e não importa o quanto tentassem nunca conseguiram tirar de lá, ele nunca deu importância até perceber o que estava hapto a fazer, precisou de uma corda que facilmente comprou em uma mercearia e alguns comprimidos para dar coragem de não desistir, o nó foi fácil pois já tinha aprendido a faze-lo em um acampamento qualquer, era forte e consistente, ou seja, perfeito. Conseguiu pendurar a corda e pegou qualquer cadeira da sala de estar e uns comprimidos tarja preta da sua mãe e estava tudo pronto agora só faltava a hora certa.
              A hora chegou ele engoliu os comprimidos à seco, sem ajuda não foram muitos, mas, foi um pouco dolorido, quando estava ficando grogue subiu na cadeira e berrou um grito guardado a tempos e disse adeus, colocou sua forca no pescoço esperou até a ultima lágrima descer e pulou com toda força a ultima coisa que escutou foi o estralar de seu pescoço e a ultima coisa que viu foi a janela que dava para o jardim e avistou a arvore que sempre esteve lá e depois o vazio de uma eterna escuridão.
"E um dia vai ficar tudo bem, mas enquanto esse dia não chega continuo aqui parado, sofrendo" Chega de pensar assim, um dia não vou me dar bem, chega de pensamentos positivos e excitação alvoroçada, estou cansado de sempre ser eu quem me decepciono, sempre ser eu que me fodo no final, que se dane tudo e que todo mundo vá para a puta que pariu.
É nisso que dá pensar no futuro, e pensar que vai ser tudo um mar de rosas, desilusão e sofrimento, dor e ódio é tudo que você consegue com a esperança e expectativa, pra mim chega to inerte, venha o que vier e se vier não me importo mais e aconselho a vocês fazerem o mesmo.

The Silkworm

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